Vamos falar sobre crianças que se desculpam demais

Ai, ai, ai, crianças que se desculpam demais… Esse é bom para a gente conversar, não é?

Desculpas, desculpas, desculpas… Desculpa? 😥

Calma lá, vamos juntos entender um pouco melhor sobre o assunto e falar sobre crianças que se desculpam demais!

Provavelmente você já conheceu uma pessoa, ou até pode ser você, leitor, que pede desculpas para tudo e todos. E já adiantamos: isso não é legal, não. 

Aqui, não estamos falando de pisadas de bola gigantescas que as justifiquem e muito menos invalidando uma “desculpa” que vem depois de uma trombada na rua, de um atraso ou qualquer situação que aconteça no cotidiano.

Afinal, faz parte! Inclusive, pra muita gente, isso é sinal de educação.

Neste artigo queremos recortar e trazer a reflexão para os pedidos de desculpas que ultrapassam a palavra, que se manifestam no corpo e deixam as pessoas (principalmente as crianças) inseguras, acuadas, sentindo-se mal como se tivessem cometido um grande erro.

Então, vamos lá!

Vamos falar sobre crianças que se desculpam demais!

Vamos começar falando do principal problema nisso tudo: de uma forma geral, pode-se entender que crianças que se desculpam demais (adultos também) estão constantemente condicionadas a achar que tudo o que fazem está errado, que incomodam os outros ou que destoam da existência do universo. 💔

E isso é triste. Esse comportamento negativo leva a criança a se sentir inferior, com medo de se relacionar, de dar a sua opinião, de se arriscar ao novo.

Então, quando uma criança pede desculpa por tudo, provavelmente não está tudo bem. 🚨

O que fazer para ajudar?🫂

O primeiro passo para ajudar a sua criança, é identificar esse comportamento.

Para a especialista, as famílias e educadores, atentos no dia a dia, vão perceber os primeiros sinais desse excesso quando há uma inadequação social. “Não tem idade certa, vai depender muito do contexto que cada criança está inserida. O importante é, se aparecer, cuidar”, comenta.

“A criança está pedindo desculpa e ela não está errada. É um indício de que tem algo ali acontecendo. Quando um conjunto de indícios e sinais são associados ao contexto de vida da criança, aos prejuízos no seu processo é que vão se caracterizar como um problema.”

Na vida acelerada da sociedade, o que está na nossa frente pode passar despercebido. Os comportamentos das crianças merecem muita atenção. Alguns, como agressividade, podem “saltar mais aos olhos”, mas outros podem passar despercebidos. Por isso, atenção. Ouçam as crianças, prestem atenção aos sinais que elas estão transmitindo.

“Se recebo uma criança que pede muitas desculpas, vou olhar para o contexto de vida, perguntar o que está acontecendo na vida dessa criança. O que está ocorrendo no contexto da escola ou no familiar.”

Érica contou que existem muitas possibilidades e casos, e cada um pede uma orientação própria.

O que motiva esse comportamento?

“Como a criança se expressa no mundo está muito relacionada com a sua vivência. O que é a vivência? É a unidade entre a personalidade, quem é essa criança que carrega a história de vida dela, e o contexto em que ela está inserida”.

Há casos comuns em que a família é muito rígida, sempre corrigindo a criança, em que existe um sentimento constante de essa criança se sentir errada, inadequada, necessitando de aprovação.

Existem também situações em que a família, apesar de não ser tão rígida, está constantemente orientando a criança. “Então não estão punindo a criança, mas estão dizendo sempre o que ela tem que fazer, como ela tem que fazer, que pode estar alimentando esse sentimento de inadequação dela na situação.”

A psicóloga também traz a situação de que uma criança que não apresentava esse comportamento, mas de repente passa a acontecer algo no contexto escolar que dispara essa característica.

“Não tem um único aspecto que se possa demarcar, pois o ser humano é algo incrível. Tudo é um pouco possível.” 

Por isso a atenção e o respeito a cada fala de uma criança é tão importante. O identificar o comportamento leva os cuidadores ao passo seguinte, de buscar compreender o de onde vem esse sentimento. E, como vimos, nem sempre está claro.

“Vai depender como esse sujeito, essa criança está entendendo esse mundo a partir de tudo o que já viveu e de como significa essas vivências”.

E agora, o que fazer? 👀

Identificou, sentiu, percebeu que pode ter algo de errado com a criança? Hora do diálogo. 💬✨

“Se a criança traz isso [o excesso de desculpas], nunca é o melhor caminho repreender. E sim tentar entender, questionar. ‘Você está pedindo desculpa, mas por quê? O que você fez de errado?’ Para ir ampliando o olhar sobre como essa criança está se percebendo nessas situações.”

O cuidado se estende aos cuidadores e responsável. E isso é fundamental de se rever. Ao perguntar para a criança, o próprio questionamento serve para os adultos. Adultos com vivências antigas enraizadas e que podem estar repetindo ciclos violentos ou de descaso.

“Como os cuidadores estão interagindo com essa criança?” . “Porque muitas coisas que a criança aprende está relacionada com essas vivências que teve na família.”

A profissional também não descarta que na própria família algum membro carregue o hábito de se desculpar a todo momento.

“O leque de possibilidades é grande, mas o primeiro passo é buscar o diálogo, tentar entender qual o sentido disso para a criança dentro da faixa etária que ela está, e isso se dá por meio de perguntas, diálogos, conversas, e nunca através da punição.”

O que é um adulto atípico? 🤔💭

E falando sobre a postura dos adultos em relação às crianças, Érica trouxe a lembrança do termo “adulto atípico“, utilizado por William Corsaro em seus estudos.

Como nos explica, a ideia do “adulto atípico” caracteriza o adulto que não usa a autoridade de forma desnecessária, que apresenta uma postura mais empática e compreensiva com as crianças.

“O padrão do adulto comum sempre utiliza sua autoridade em relação à criança. ‘Faça isso, faça aquilo. Isso está errado. Isso é feio’. O adulto está o tempo todo nesse processo”, comenta. E percebeu como esse comportamento adulto se relaciona com a criança se sentir inadequada, como mostramos alguns parágrafos atrás?

Então, pontua a psicóloga, por isso a importância do diálogo e da forma respeitosa de se comunicar com as crianças.

“Quando a gente quer acessar os processos de significação infantil, sobre o que eles pensam sobre si, sobre as coisas, sobre o mundo, sem que eles sintam medo de dizer aquilo que eles pensam, é importante ter esse cuidado, de ter um diálogo horizontalizado.” 

⚠️ Mas atenção! A profissional cutuca e deixa o aviso: “Só não dá para ser muito pontual. É algo que deve ser cultivado na nossa relação ao longo do tempo.”

A nossa história de relação com a criança deixa marcas. Muita gente sabe disso, mas talvez se esqueça no dia a dia. É importante respirar, fazer uma pausa, ouvir, estar atento. 🫂💕

“O que vemos é um excesso de autoridade nas relações com as crianças. É claro que às vezes precisa da autoridade. Tem que cultivar a forma de não usar de forma desnecessária essa autoridade. E as crianças, pelo que observamos, elas respondem bem quando percebem que estão diante de um adulto atípico”, ou seja, alguém aberto a ouvir, acolher e cuidar da relação e da criança.

6 dicas para melhorar a memória auditiva das crianças

A memória auditiva é a capacidade de aprender ouvindo. E dá pra imaginar o quanto ela é importante para a criança, que já reage a estímulos auditivos na vigésima semana de gestação. Um déficit de memória auditiva pode resultar em problemas na fala, em um vocabulário limitado e no desempenho abaixo do esperado quando for a hora de ler e escrever.

Crianças com déficit de memória auditiva escutam muito bem, mas costumam ser distraídas e ter dificuldade em se concentrar. Elas podem apresentar dificuldade em: seguir instruções com mais de dois comandos, formar palavras, guardar e relacionar informações, lembrar o que leram depois de alguns parágrafos…

Treinar a atenção aos sons e ter a capacidade de diferenciar eles ajuda a tornar a memória auditiva mais eficiente, além disso, treinar a memória auditiva reduz as chances de problemas de fala e aprendizado relacionados à questão.  Mas como fazer isso?

“Quanto mais lúdico, ou seja, quanto mais sentido aquela atividade fizer para a criança, mais fácil vai ser para ela memorizar. Toda contação de história, leitura de poemas, historinha com rimas, música cantada ou brincadeira que envolva ritmo e palavra vai ajudar, tanto na memória auditiva quanto em outras questões da linguagem”.

Nós levamos o desenvolvimento infantil a sério, e – com a ajuda da especialista – selecionamos algumas atividades divertidas, que podem ser feitas diariamente, e que exercitam essa memória!

*Elas são indicadas para crianças de 3 a 6 anos, mas podem ser feitas por crianças maiores, desde que se aumente o número de palavras na brincadeira.

Confira 6 dicas para melhorar a memória auditiva das crianças:

1. Viagem em pensamento

Peça para a criança fechar os olhos, pensar em um lugar para onde gostaria de viajar e escolher um objeto para levar. Então, pergunte o lugar e o objeto escolhido. A partir dessas informações, forme uma frase, repetindo o item e acrescentando um novo. Ex: vou para a fazenda levar meu ursinho de pelúcia e meu cachecol. A criança deverá dar continuidade, acrescentando outro item. A atividade continua até que alguém esqueça de um item ou confunda a sequência.

2. Que som é esse?

Pegue objetos que façam sons variados como folha de papel, chocalho, zíper, apito, etc, fale para a criança fechar os olhos e faça algum som. A criança tem que adivinhar qual é o objeto, depois faça sons diferentes em sequência para a criança dizer quais foram e na ordem em que foram reproduzidos. Comece com dois sons e vá aumentando,  palmas e assobio também podem.

3 . O que está faltando?

Faz a mesma coisa da outra brincadeira, só que agora você vai repetir a sequência omitindo um dos sons tocados na primeira vez. Peça à criança para identificar o som que está faltando. Pode aumentar o número de sons conforme for ficando fácil para a criança.

4 . Palavras malucas

Fale palavras malucas que não existam e peça para a criança repetir uma de cada vez. Ela tem que prestar muita atenção na sequência do som da palavra para memorizar e repetir!

5. Era uma vez, um audiolivro!

Ao invés de livros impressos, tente oferecer para a criança opções de histórias em áudio. A concentração exclusiva na audição (sem vídeo) é um ótimo treino desde muito cedo.

6. Música também!

Se a concentração da criança estiver parecendo “falha”, tente usar música. Sons que tenham palavras cantadas ajudam muito nesse treino de memória auditiva. Toda vez que a gente une ritmo a palavras, ajudamos a criança a memorizar e aprender mais fácil.

O apoio dos adultos para o desenvolvimento da criança

O desenvolvimento da criança é um processo complexo que envolve a interação de diversos fatores, e o apoio das pessoas responsáveis desempenha um papel fundamental nesse processo. As relações que a criança estabelece com seus pais, cuidadores ou responsáveis têm um impacto significativo em sua saúde mental, emocional e cognitiva.

O apoio que recebe dos adultos irá influenciar diretamente na forma como a criança se percebe e percebe o mundo a sua volta, incluindo sua relações com os outros e a construção de sua identidade.

Alguns exemplos dessa influência podem ser:

  1. Vínculo seguro: O estabelecimento de um vínculo seguro com pessoas responsáveis, como os pais, proporciona à criança uma base sólida para explorar o mundo ao seu redor. Esse vínculo oferece um senso de segurança emocional que permite que a criança se sinta protegida ao enfrentar desafios e incertezas.
  2. Desenvolvimento emocional: As pessoas responsáveis desempenham um papel importante no desenvolvimento emocional da criança. Através do apoio emocional, expressão de afeto e validação de sentimentos, a criança aprende a compreender suas próprias emoções e a lidar de maneira saudável com elas.
  3. Exemplos: As crianças aprendem muito observando o comportamento das pessoas ao seu redor. Os pais e cuidadores servem como modelos para a forma como a criança interage com os outros, lida com conflitos, gerencia suas emoções e desenvolve habilidades sociais.
  4. Autoestima e autoconfiança: O apoio das pessoas responsáveis é essencial para a construção da autoestima e autoconfiança da criança. Quando os pais demonstram interesse genuíno pelas conquistas e esforços da criança, ela desenvolve um senso positivo de si mesma e se sente encorajada a explorar novas atividades.
  5. Aprendizado e estimulação: As pessoas responsáveis desempenham um papel crucial na promoção do aprendizado e na estimulação cognitiva da criança. Através de interações positivas, conversas significativas e atividades educativas, a criança é exposta a um ambiente que promove o desenvolvimento de habilidades intelectuais.
  6. Apoio social e emocional: As pessoas responsáveis ajudam a criança a entender e navegar pelas relações sociais. Ao fornecer orientação sobre como interagir com os outros, resolver conflitos e desenvolver empatia, elas capacitam a criança a construir relacionamentos saudáveis ao longo da vida.
  7. Resiliência: O apoio das pessoas responsáveis ajuda a criança a desenvolver resiliência, a capacidade de enfrentar adversidades e superar desafios. Quando a criança tem uma rede de apoio sólida, ela é mais capaz de lidar com situações difíceis e encontrar maneiras construtivas de superar obstáculos.

Dessa forma, o apoio das pessoas responsáveis é fundamental para o desenvolvimento saudável da criança. Essas relações influenciam diretamente a forma como ela se percebe, se relaciona com os outros e se adapta às diversas situações que encontrará ao longo da vida. O investimento emocional, a atenção genuína e o carinho oferecidos pelas pessoas responsáveis têm um impacto duradouro no bem-estar da criança, influenciando toda sua trajetória de desenvolvimento de maneira positiva.

Cada criança tem seu tempo

Tenho certeza de que você já ouviu essa frase: cada criança tem seu tempo🕗 É verdade, cada criança é única e se desenvolve à sua maneira.

Comparações normalmente fazem mal e podem gerar muita ansiedade nos pais e na família quando começam, e, daqui alguns anos, não fará muita diferença se a criança andou com 9 meses ou 1 ano, se falou a primeira palavra antes ou depois do primo, ou se aprendeu a ler antes de todas as crianças da classe.

O tempo conectado ao desenvolvimento infantil

Todas as vezes que falamos que cada criança tem seu tempo, devemos pensar um pouquinho sobre o desenvolvimento infantil e em como ele se dá nos aspectos físicos (motor e cognitivo) e emocionais (social).

É claro que existem fatores externos que podem influenciar o desenvolvimento da criança, como por exemplo:

  • O ambiente em que ela vive;
  • O contexto familiar;
  • A quantidade de estímulos que ela recebe.

No entanto, existem marcos de desenvolvimento que são estabelecidos pela ciência e que ajudam pais e profissionais a se orientarem e identificarem os ganhos da criança e o que ainda precisa ser estimulado.

Esses marcos são comportamentos e habilidades esperados para cada faixa etária, com uma janela de tempo em que normalmente ocorrem: sentar-se, engatinhar, brincar sozinho, andar, falar, ir ao banheiro, pedir ajuda, ler, escrever e se relacionar com os outros, entre outros.

O tempo de cada criança pode variar um pouco, mas esse tempo não deve ser indeterminado.

E se meu filho não apresentar as aquisições esperadas para a idade?

Calma, isso não necessariamente é um atraso. Muitas vezes a criança só precisa ser estimulada de uma maneira diferente e logo se desenvolve conforme o esperado.

No entanto, é importante estar atento e acompanhar de perto esse tipo de situação e, na dúvida, vale a pena buscar orientação de um profissional especialista para esclarecimentos. Muitas vezes o medo de receber um diagnóstico impede que o tratamento adequado comece de maneira mais rápida. Os pais, a família, a escola e os pediatras podem ajudar a identificar um possível atraso e buscar ajuda.

É muito importante lembrar que, no caso de uma criança com algum tipo de transtorno ou síndrome, o diagnóstico e a intervenção precoce são fundamentais para o seu desenvolvimento adequado.

Saber como ajudá-la pode ser o fator decisivo para que ela cresça e atinja todo o seu potencial!

Recompensar as crianças funciona?

Se tem uma coisa que todos os pais concordam é que educar os filhos é a tarefa mais difícil que existe, certo? Pois é, mas apesar da dificuldade, essa também é a tarefa mais importante do mundo. O grande problema é que para fazer isso não existe manual de instruções ou regras que sempre dão certo ou errado. Na maioria das vezes, a gente vai aprendendo na prática, querendo acertar sempre, mas errando de vez em quando. E está tudo bem! Criar os filhos também é um processo de aprendizado. Na tentativa de educar e fazer com que as crianças colaborem em casa, algumas famílias optam por recompensar as crianças diante das tarefas realizadas. Mas será que esse método realmente funciona ou traz algum tipo de risco?

Recompensar as crianças funciona?

É claro que as crianças (assim como os adultos) precisam ser motivadas e estimuladas no dia a dia, mas isso não necessariamente significa que elas precisam ganhar um prêmio toda vez que fizerem algo que foi pedido.

Nesses casos, existe a chance de que elas comecem a barganhar e só colaborem ou realizem suas tarefas se receberem algo em troca. Além disso, as crianças podem introjetar a ideia de que apenas o resultado é importante, e não o processo em si.

Qual a alternativa então?

Mas dessa forma, o que pode ser feito para estimular a cooperação dos pequenos e o comprometimento deles com seus afazeres?

1 – Estabeleçam juntos uma lista de direitos e deveres. Pensem no que é responsabilidade das crianças e no que elas têm direito, sempre tendo em vista metas reais e adequadas a idade de cada uma delas.

2 – Atente-se ao processo e à evolução das crianças, não apenas nos resultados.

3 – Valorizem os novos aprendizados e conquistas.

4 – Certifiquem-se de que estão cumprindo a parte de vocês nos combinados, sem prometer nada que não possam fazer.

5 – Abram espaço para dialogar. Permitam que as crianças possam falar sobre o que sentem.

É claro que vez ou outra uma recompensa pode acontecer, mas é preciso que esses casos sejam muito pontuais. 

Uma boa alternativa para ajudar as crianças a entenderem o processo é mostrar os ganhos secundários com a colaboração de todos.

Por exemplo: ao invés de dizer ao filho “se você guardar seus brinquedos rapidamente todos os dias dessa semana você ganha um prêmio no final dela”, vale mais a pena dizer “se você guardar seus brinquedos rapidamente, sobra um tempinho para lermos uma história antes de dormir, que tal?”.

Dessa forma, aos poucos e com paciência a criança vai ganhando maturidade e deixa de associar suas responsabilidades a premiações que muitas vezes não tem relação nenhuma com a tarefa. Aos pouquinhos, ela vai percebendo as consequências de realizar ou não uma atividade e, dessa forma, vai aprendendo a se disciplinar e ser mais colaborativa.

Você ensina sua criança a revidar?

Interferir, revidar, conversar… Seu filho chega em casa, você percebe que ele está machucado. Ao perguntar o que aconteceu, descobre que um amiguinho bateu nele. Com certeza, só de pensar nessa situação, pais e mães já sentem aquele misto de emoções: um aperto no coração, sensação de impotência, raiva, tristeza e uma vontade enorme de poder proteger o pequeno de tudo e de todos a todo momento. Mas sabemos que, na prática, isso não é possível. Na realidade, quanto mais o tempo passa, mais difícil é estar presente na vida dos filhos. Afinal, conforme vão crescendo, as crianças dão seus próprios passos, e descobrem por si mesmas seus caminhos e como resolver seus problemas. Nesse sentido, pais e mães se preocupam com uma questão: como ensinar os filhos a se defenderem?

Devemos ensinar as crianças a revidar?

Acreditando na importância de ensinar os filhos a se defenderem sozinhos, alguns pais seguem a linha do “bateu, levou”, incentivando as crianças a baterem de volta, quando apanham, seja em casa, na escola ou qualquer outra situação. Embora a intenção nesse caso seja proteger o pequeno, impedindo que ele seja passivo em situações de agressão, encorajar os pequenos a revidar, gera um ciclo de violência, incentivando comportamentos agressivos. De acordo com Sarah Helena, mãe, psicóloga e curadora na Leiturinha, “ensinar as crianças a baterem de volta significa que a violência é uma solução plausível, permissível e capaz de resolver conflitos, quando, na verdade ela só gera mais problemas. Assim como gentileza gera gentilezaviolência gera violência, até que alguém quebre o ciclo”. Sarah ainda complementa que, embora a intenção dos pais ao ensinar a criança a revidar seja protegê-la, “este tipo de proteção é ilusório e momentâneo, contribuindo, na verdade, para uma sociedade cada vez mais intolerante, violenta e incapaz de dialogar quando se há diferenças ou conflitos”.

Nesse contexto, outra questão também pode surgir: devemos ensinar meninos e meninas a se protegerem de maneira diferente? Embora criar filhos e filhas tragam desafios e dúvidas em comum, nós já falamos aqui no Blog sobre pontos importantes para se atentar na criação meninos e na criação meninas. “Sabemos que meninos e meninas, culturalmente, estão sujeitos a tipos diferentes de violência. Portanto, caberiam orientações tão diferentes quanto os tipos de violência. No entanto, é importante lembrar que a prevenção e proteção dos filhos começa com a orientação para que nunca partam para a agressão.”, afirma a psicóloga Sarah.

Então, como ensinar os pequenos a se defenderem?

Se não queremos que nossos filhos apanhem na escola e/ou sejam passivos em situações de violência, aceitando coisas que não querem/gostam por medo ou por não saberem se defender, mas, por outro lado, não queremos incentivar a agressividade, como podemos ajudar nossos pequenos a se defender por si mesmos?

 

Em uma pesquisa realizada, dos 2.896 pais e mães que participaram, apenas 23% afirmaram que ensinam os filhos a revidarem. Para ajudar a pensar em alternativas no momento de ensinar os pequenos se defenderem, Sarah Helena elencou algumas dicas. Confira:

1. É preciso criar estratégias para evitar a violência. A violência acontece justamente quando faltam recursos na linguagem para lidar com a situação. Ensinar na prática, em casa, é muito importante para que a criança perceba que existem outros meios para se resolver conflitos.

2. Se o diálogo não for suficiente para resolver a situação entre seu pequeno e algum colega, oriente que ele saia de perto e busque distância, até que seja possível uma nova aproximação não violenta. O que à primeira vista pode parecer “covardia”, na verdade é um ato corajoso de escolha por um caminho diferente. Muitas vezes é preciso muito mais coragem e força para ceder e abandonar uma discussão do que para partir para a ação.

3. Em caso de risco, é sempre bom ensinar os pequenos a buscarem ajuda. Se for um conflito entre iguais – com amiguinhos ou colegas, a ajuda de um adulto pode ser eficiente. Caso o risco envolva algo mais sério, é importante que a criança saiba como chamar a polícia, por exemplo, ou que saiba como pedir ajuda sem chamar atenção.

4. Quando o conflito acontece na escola, a ajuda de um profissional é sempre válida, sobretudo quando as famílias também são envolvidas.

Sejamos nós os construtores da sociedade que queremos, mais segura e protetora!

Como ajudar um filho com ansiedade? Dicas para trabalhar a paciência e controlar a ansiedade

Atualmente, a ansiedade é um dos problemas que mais levam os adultos ao divã do terapeuta. Isso porque nem sempre é fácil conciliar as exigências da vida moderna com o estresse vindo de conflitos familiares e de dificuldades no trabalho. Porém, o que fazer quando a dúvida é sobre como ajudar um filho com ansiedade?

Afinal de contas, as crianças não estão livres dela, muito menos dos transtornos que a ansiedade pode gerar, sabia? Com causas diversas, esse problema pode acometê-las em qualquer idade, cabendo aos pais e familiares dar o suporte necessário para que lidem de forma adequada com a questão.

Pensando nesse desafio, compartilhamos por aqui o que você precisa saber sobre esse tema! Vamos conferir?

O que é ansiedade e o que é transtorno de ansiedade?

Antes de qualquer coisa, é preciso saber que a ansiedade e o transtorno de ansiedade não são a mesma coisa. Há uma diferença importante entre os dois termos que os pais devem conhecer, e nós vamos esclarecer!

A ansiedade é uma reação totalmente normal dos seres vivos — o que é chamado pela biologia de resposta inata. Basicamente, ela surge por conta da produção e liberação de determinados hormônios no nosso corpo, como o cortisol e a noradrenalina.

Na natureza, a função da ansiedade é justamente garantir que estejamos vigilantes e prontos para lutar pela sobrevivência frente a situações desafiadoras, estressantes ou perigosas. Ou seja, é algo normal e todos podemos ter um episódio de ansiedade em qualquer momento de nossa vida — desde a primeira infância até a terceira idade.

Um exemplo que deixa isso bem claro é quando uma pessoa está fazendo uma trilha na floresta e se depara com uma cobra. Como método de autodefesa, visto que esse é um animal muitas vezes venenoso e que provoca medo, o organismo aumenta consideravelmente os níveis dos hormônios citados anteriormente e fica em alerta máximo, pronto para escapar ou reagir, se for preciso.

O transtorno de ansiedade, por outro lado, ocorre quando esse quadro de ansiedade fica desregulado, tornando-se frequente, excessivo e sem controle. A grande questão é que, para alguns indivíduos, não há um motivo que justifique o aparecimento dele (como um problema iminente ou uma ameaça de vida). Ao contrário, a ansiedade é generalizada.

Já para outros sujeitos, ela surge por razões que podem ser identificadas, mas que não justificam o nível de ansiedade gerado e que tanto os afeta negativamente. Em alguns casos, diariamente. Como resultado, quem sofre com desse tipo de transtorno deixa de ser alguém funcional, o que impacta diretamente em sua qualidade de vida.

Não é para menos que devemos redobrar a atenção com as crianças, pois, se adultos já são bastante prejudicados quando têm uma ansiedade fora do normal, com as crianças isso pode ser ainda mais grave, dada a pouca idade que possuem para lidar com ela.

Conheça 10 dicas para controlar a ansiedade nas crianças

Separamos algumas dicas sobre como ajudar um filho com ansiedade, para que você consiga identificá-la de modo precoce, para que saiba como agir de maneira efetiva para controlá-la e, com o tempo, reduzi-la ao máximo. Confira a seguir!

1. Conheça os sintomas da ansiedade infantil

A ansiedade infantil conta com alguns sintomas que são fáceis de serem notados, não só por quem está ansioso, mas também por quem convive com essa pessoa (seja ela uma pessoa adulta ou uma criança). Por isso, é importante estar atento aos sinais que o seu filho demonstra. Entre os principais, estão:

  • irritabilidade e/ou agressividade excessiva;
  • alterações nos hábitos de sono e pesadelos frequentes, com sono durante o dia devido às noites mal dormidas;
  • preocupação constante — que pode ser com a escola, com a segurança dos membros da família, com a saúde ou com o futuro, de maneira geral;
  • impaciência — que pode levar a ataques de birra, por exemplo;
  • dificuldade de concentração nas aulas e fora do período escolar — como nas tarefas de casa, nos estudos ou mesmo nos momentos de lazer, durante jogos e brincadeiras;
  • alterações no apetite, para mais ou para menos;
  • desleixo com a própria higiene;
  • queda no rendimento escolar.

Nem sempre as crianças sabem comunicar aos adultos suas emoções. Por isso, é importante ter atenção em mudanças de hábitos ou comportamentos. Identificar precocemente transtornos de ansiedade nas crianças e, então, lidar com eles da melhor forma, é essencial para evitar repercussões negativas na qualidade de vida e no desenvolvimento dos pequenos.

2. Apoie, em vez de julgar ou reprimir

Se seu filho demonstrar algum sinal de que está sofrendo de transtorno de ansiedade, o primeiro passo para ajudá-lo a enfrentar o problema é manter as portas do seu relacionamento com ele bem abertas.

Assim, nada de ridicularizar suas preocupações, aumentar a cobrança em relação à escola ou punir a criança pela dificuldade de concentração, combinado? Até mesmo a demonstração exagerada de preocupação por parte dos pais pode levar a criança a se fechar cada vez mais.

Nesses casos, é importante que os pais se mantenham tranquilos e ajam de modo a mostrar ao filho que há um espaço seguro no seu relacionamento, para que ele possa expressar suas angústias e aprenda, por meio do diálogo com os adultos, a resolvê-las.

3. Pesquise os motivos por trás da ansiedade

Não é incomum que a ansiedade infantil seja uma reação a situações temporárias de estresse — como a chegada de um novo irmãozinho, a separação dos pais, a perda de um ente querido ou a mudança de cidade ou de escola. Nesses casos, fica mais fácil para os pais direcionarem esforços, mostrando ao filho como enfrentar aquele desafio específico, sempre por meio de incentivos que estimulem a autoconfiança da criança.

No entanto, se os sinais que citamos se tornarem cada vez mais frequentes e intensos, sem uma razão momentânea e clara por trás, podemos estar diante de um problema diferente, que merece atenção redobrada por parte da família, isto é, que estamos lidando na verdade com um transtorno de ansiedade.

Abaixo, você vai conferir alguns desses sinais, de acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5).

Transtorno de ansiedade de separação

A ansiedade da separação é comum em crianças de até 2 anos, sendo caracterizada como o medo de ficar longe de alguma figura adulta, em especial, a materna e/ou a paterna. Esse sentimento costuma desaparecer conforme a criança começa a entender que os pais retornam depois da ausência.

Quando o problema é persistente, a criança pode sofrer de transtorno da ansiedade de separação, com um medo intenso de que os pais não voltem, sofram algum acidente etc.. Nesses casos, pode haver somatização da preocupação excessiva, resultando em dores de barriga e de cabeça, enjoos e outros problemas, sempre que os adultos de referência precisam se ausentar.

Transtorno de ansiedade social

Assim como a ansiedade da separação, a chamada ansiedade social também é comum. Por exemplo, ela ocorre quando nos sentimos nervosos por falar em público, ao iniciar conversas com desconhecidos, entre outras situações afins. No entanto, se o sentimento de angústia é incapacitante e excessivo, é sinal de que há um transtorno ocorrendo.

Com as crianças não é diferente: se os eventos de interação social são tão temidos pelos pequenos a ponto de eles tentarem evitá-los ou começarem a apresentar sintomas, como: tremores, sudorese, dores de barriga ou de cabeça, mutismo e taquicardia, é preciso ter atenção.

Fobias específicas

A fobia se caracteriza por um medo excessivo e incontrolável de algo específico. Por exemplo, de animais, da escuridão, de lugares fechados, de trovões, entre outros. As fobias são fruto de alguma situação traumática ou de um choque intenso vivenciados, muitas vezes, ainda na infância.

Caso a fobia seja muito grave, ela pode levar à ocorrência de ataques de pânico e comportamentos prejudiciais. Por exemplo, há o medo irracional de tudo aquilo que lembra a fonte da fobia.

Crianças que têm uma fobia precisam ser acompanhadas de perto pelos pais, além de demandarem tratamento psicológico, pois se ela não for devidamente tratada, pode se estender por toda a vida.

Estresse pós-traumático

Quando a criança cai de bicicleta pela primeira vez, pode ter dificuldade para voltar a tentar, porque se torna receosa em relação à possibilidade de cair de novo, não é? Agora, se a criança passa por situações graves que provocam sentimentos fortes de medo e/ou tristeza, a ansiedade pode se tornar generalizada e insistente.

É o caso de situações traumáticas, como acidentes de carro, bullying escolar, perda de amigos ou de parentes queridos, abusos e violência. Todos esses acontecimentos devem ser abordados por meio da busca de informações e, se necessário, do apoio de um profissional.

Influência do meio e da educação parental

Por fim, a ansiedade nas crianças também pode surgir a partir da influência do meio, quando há observação e absorção dos comportamentos que ela vê no ambiente. Por exemplo, se os pais estão ansiosos, podem estimular involuntariamente esse sentimento nos pequenos.

O estilo de educação parental também é capaz de contribuir com o surgimento de transtornos de ansiedade, seja por haver uma superproteção, seja por críticas e pressão excessivas, por exemplo — aspectos dos quais falaremos mais adiante.

4. Treine a paciência com pequenas esperas

A quarta dica sobre como ajudar um filho com ansiedade é ajudá-lo a exercitar a paciência, para que possa ficar mais tranquilo em situações de nervosismo, pressão ou apenas de espera. Afinal de contas, essa habilidade será essencial na sua vida adulta.

Dessa forma, mostre à criança como ela pode se distrair com uma revista, um livro ou um brinquedo na sala de espera do médico, por exemplo. Ressalte a necessidade de aguardar com calma para que a comida fique pronta e também a ensine a esperar sua vez para falar e ser ouvida. Esse é um aprendizado lento, mas que deve começar desde cedo!

5. Dê o exemplo e cumpra suas promessas

Quem é pai ou mãe sabe bem como os filhos tendem a imitar o comportamento dos adultos, mesmo sem saber exatamente o que aquela reação quer dizer. Por vezes, a cópia é tão exata que chega a ser cômica! Diante disso, fica claro que uma das melhores maneiras de ensinar uma criança a ser paciente é demonstrando paciência e tolerância também em relação a ela.

Isso implica deixar a criança a par de situações em que você não consegue o que quer de imediato. Ao contrário, precisa lidar com prazos, atrasos e contratempos que surgiram ao longo do caminho. Aqui, incluímos situações que envolvem não só controlar as próprias expectativas, mas também saber encarar de maneira inteligente as frustrações.

Outros bons exemplos são: não ter uma reação exagerada quando o filho se atrasa; mostrar que a espera vale a pena ao cumprir a promessa de ouvi-lo; ou brincar com ele somente depois de terminar o que estava fazendo no momento em que pediu a sua atenção.

6. Entenda que nem tudo é ansiedade exagerada

É preciso que os pais saibam diferenciar situações de pura pirraça e falta de disciplina daquelas em que ocorrem respostas ansiosas. Por exemplo:

  • birra: quando a criança chora porque os adultos não compram o que ela quer no supermercado;
  • resposta ansiosa: quando a criança não quer esperar pelos convidados para partir o bolo de aniversário.

Isso é fundamental porque nem todos os comportamentos das crianças são, necessariamente, movidos por uma ansiedade exagerada que traz, como resultado, sintomas físicos, mudanças de atitudes e prejuízos na vida social.

Nesses momentos, o que costuma ajudar é entender que o modo como as crianças lidam com o tempo é diferente do nosso. Por isso, às vezes, precisamos apenas aceitar suas limitações. Uma criança cansada ou com fome, por exemplo, dificilmente ficará calma enquanto espera para se deitar ou para comer.

Da mesma forma, pode ser melhor não compartilhar com o filho planos para um futuro que ele ainda não consegue enxergar. Farão uma viagem meses depois? Espere para dar a notícia aos poucos, evitando que a criança fique ansiosa com muita antecipação.

7. Desenvolva atividades relaxantes

Em momentos de grande ansiedade nas crianças, os pais podem praticar atividades relaxantes e que ajudem os pequenos a controlar os sintomas do medo, da irritação e da preocupação. A respiração profunda e consciente é uma boa técnica. Para deixá-la mais lúdica, você pode fazer assim:

  • peça ao pequeno para se deitar de barriga para cima;
  • coloque algum objeto em cima de sua barriga, como um urso de pelúcia ou a própria mão;
  • oriente a criança a respirar profundamente;
  • mostre que, ao puxar o ar, o brinquedo ou a mão sobe e, ao soltar o ar, o brinquedo ou a mão desce.

Auxilie a criança a realizar esse exercício várias vezes, prestando atenção nos movimentos, pois isso ajudará a desviar o foco da preocupação que causou a ansiedade.

Outra ideia é imaginar um “lugar seguro”: toda vez que a criança se sentir ansiosa, ajude-a a viajar em pensamento para o seu local preferido, em que ela normalmente se sente feliz e despreocupada. Também é interessante estimulá-la a, quando estiver ansiosa, procurar locais com plantas e flores, já que o contato com a natureza tem efeito calmante e relaxante nas pessoas em geral.

8. Desenvolva um diálogo aberto com o pequeno

tempo compartilhado e o diálogo são muito importantes para que as crianças exponham seus receios e, a partir disso, possam começar a lidar com eles. Você pode, inclusive, ajudá-las a entender melhor a ansiedade e suas causas. Para tanto, estimule que elas falem sobre seus incômodos e, assim, possam desmistificar o medo.

Nessa tarefa, você pode criar um personagem fictício que personifique tal ansiedade. Sempre que a criança se sentir ansiosa, peça que ela atribua essa sensação ao personagem e explique para ele o que está sentindo — pode ser alguém imaginário ou mesmo um brinquedo.

Outra dica é prezar sempre pelos elogios construtivos. O reforço positivo é muito importante para que a criança se sinta capaz de enfrentar a ansiedade. Sempre enfatize o quanto ela se esforçou para falar em público, o quanto ela melhorou no rendimento escolar, entre outras situações que possam ser valorizadas.

Esse tipo de estímulo ajuda as crianças a ficarem mais otimistas frente à ansiedade, além de ajudá-las a perceberem que conseguem superar as situações desencadeadoras das sensações negativas.

9. Não evite sempre as causas de ansiedade

É claro que os pais querem evitar situações que prejudiquem o bem-estar dos filhos. No entanto, é importante ter em mente que fazer isso sempre também não é saudável.

Lembre-se do que falamos lá no início: a ansiedade é uma resposta natural do nosso organismo. Portanto, o ideal é ajudar o pequeno a enfrentar os próprios medos de forma progressiva, respeitando seus limites — desde o início da infância —, até mesmo para que ele saiba reconhecer como é estar ansioso e como ele se comporta nesses momentos.

Porém, atenção: em casos de traumas, essa exposição a ambientes ou situações estressantes deve ser feita com muito cuidado, preferencialmente com o suporte e a orientação de um psicólogo.

10. Saiba quando é hora de procurar tratamento

Concluindo as dicas de como ajudar um filho com ansiedade, saiba que é preciso reconhecer quando se deve procurar por ajuda profissional para tratar a ansiedade na criança. Isto é, quando ela estiver comprometendo sua vida e seu relacionamento com outras pessoas, impedindo-a de realizar as tarefas diárias e de curtir momentos sem preocupação.

Como você viu, se a ansiedade se torna incapacitante, muito frequente ou intensa, pode ser algum transtorno que exige intervenção profissional. E, nesses casos, quanto mais precoce for o tratamento, menos repercussões negativas ocorrerão no desenvolvimento infantil. Então, é importante redobrar a atenção em relação aos sinais físicos, emocionais e comportamentais da criança.

Se você acha que esse é o caso do seu filho, não hesite em conversar com outros pais e educadores sobre a ansiedade nas crianças, eventualmente buscando o auxílio de um terapeuta infantil, capaz de se aprofundar na questão. Lembre-se de que os pais também não precisam enfrentar mais essa preocupação sozinhos!

Que atitudes tornam a criança ansiosa ou pioram a ansiedade?

Muitos psiquiatras e psicólogos são categóricos em pontuar que as crianças de hoje são levadas, desde cedo, a envolver-se em inúmeras atividades além da escola, ficando, assim, muitas vezes expostas a cobranças recorrentes.

Para completar, os pequenos passam cada vez mais tempo hiperconectados, graças ao acesso que têm à tecnologia — o que estimula uma visão muito “instantânea e automática” do mundo.

Por tudo isso, é necessário observar os hábitos e comportamentos que, de maneira intencional ou não, podem contribuir para piorar esse quadro de ansiedade. Confira a seguir alguns desses hábitos e comportamentos, para evitá-los ao máximo!

Fazer cobranças em excesso

As cobranças que não consideram a individualidade e os limites da criança podem ter um efeito totalmente contrário à motivação, levando à insegurança, ao estresse e à ansiedade.

Então, é preciso estimular o desempenho escolar e das demais atividades do dia a dia, mas sem sobrecarregar as crianças para que elas sejam perfeitas. É fundamental considerar os gostos, os limites e a personalidade dos pequenos para potencializar suas habilidades, deixando-os confiantes para que consigam explorar o potencial que têm.

Relembrar de forma recorrente os erros

Todos os seres humanos erram, sejam crianças, sejam adultos. É importante aceitar que o erro faz parte da vida e é com eles que podemos aprender a acertar. Contudo, focar apenas nos erros das crianças pode deixá-las com medo de tentar novamente e fracassar, ficando, assim, completamente sem autoconfiança.

Por isso, quando o pequeno fizer algo de forma errada, o ideal é conversar e explicar por que aquilo não é o correto, mas jamais ficar remoendo isso depois. É importante também focar nas tentativas acertadas das crianças.

Não dar valor às pequenas conquistas da criança

Aprender a amarrar o cadarço do tênis, a olhar as horas… Toda a nossa vida, principalmente na infância, é feita de pequenas conquistas. Nem sempre as pessoas são as primeiras em tudo; no entanto, isso não significa que as experiências não permitem aprendizados relevantes.

É por isso que os adultos também devem valorizar os pequenos passos da criança. Não estamos dizendo que tudo tem que ser elogiado. Não é ficar dando recompensas para tudo, mas um “Muito bem, você está no caminho certo!” ou um “Parabéns por ter chegado até aqui!” podem fazer toda a diferença na autoconfiança e na autoestima da criança.

Expor problemas e frustrações do casal

Todos os casais têm problemas em casa. Divergências em estilo de vida, falta de tempo, separações e crises de dinheiro são algumas coisas inevitáveis. Porém, ficar expondo e discutindo essas questões na frente dos filhos pode fazer com que eles se sintam culpados, inseguros e ansiosos com o rumo que o futuro da família vai tomar.

Obviamente que, quando eles ficarem maiores, alguns assuntos deverão ser tratados. Afinal de contas, os filhos também são afetados direta ou indiretamente pelas decisões do casal. Porém, é preciso respeitar a idade e o tempo da criança, além de sempre conversar com ela de forma adequada.

Fazer tarefas no lugar da criança por não a considerar capaz

Embora o primeiro instinto dos pais seja sempre proteger seus filhos, é importante lembrar que a superproteção impede que as crianças aprendam a lidar com algumas consequências negativas das decisões tomadas, além de não permitir que elas aprendam com os seus erros.

Muitos pais realizam algumas tarefas no lugar dos filhos. Quando isso acontece, eles fazem com que as crianças pensem que não têm capacidade de cuidar de suas próprias coisas. Logo, isso as deixa inseguras sobre suas capacidades e habilidades.

Então, é preciso deixar o pequeno tentar, encorajá-lo e incentivá-lo, porque não é sempre que os pais estarão por perto para fazerem todas as coisas por ele.

Fazer muitas críticas

No processo de como ajudar um filho com ansiedade, é complicado quando muitos pais adotam uma criação bem rígida, com exigências e regras em excesso na rotina das crianças. Será mesmo que elas têm preparo para uma carga tão pesada assim?

Em Nova York, os pesquisadores da Binghamton University buscaram essa resposta. Eles analisaram a maneira como as crianças reagiam enquanto os responsáveis estavam fazendo críticas. Quando analisaram os resultados, os estudiosos concluíram que os filhos de pais muito críticos prestam bem menos atenção às expressões faciais, quando comparados às demais crianças.

Tal comportamento pode acabar afetando as relações com outras pessoas. Além disso, pode ser um dos motivos pelos quais as crianças expostas a altas críticas correm mais risco de desenvolverem ansiedade ou depressão.

Os pais que mostram comportamento de rejeição pelos filhos de forma constante, com críticas em excesso, podem levá-los a pensar que são inadequados, incompetentes, além de terem uma visão negativa do mundo.

Fazer comparações

“O Joãozinho nem estudou e tirou notas melhores que a sua.”. “O seu primo é excelente nos esportes. Você deveria se espelhar nele para ver se melhora.”. “O filho do vizinho ganhou uma medalha hoje na escola. Você nunca me deu esse tipo de orgulho; só serve para dar trabalho.”.

Já viu ou ouviu frases desse tipo serem ditas por adultos para crianças? Pois é, infelizmente, elas ocorrem mais do que deveriam em muitas famílias — e é necessário ficar de olho para não as reproduzir!

Não interessa se a criança fez algo que você reprovou ou não atendeu às suas expectativas. É importante entender que compará-la com outras pessoas, como familiares ou amigos, pode acabar impactando negativamente em sua autoconfiança.

Isso é válido, inclusive, até mesmo quando a intenção é motivar ou elogiar. Afinal, ao fazer uma comparação com outra pessoa, você cria um sentimento de disputa ou gera certa pressão, que pode causar insegurança e frustração.

Priorizar sempre os compromissos do trabalho

Ser ausente, prometer e não cumprir ou ser displicente com os compromissos da família são algumas atitudes que, sem dúvida alguma, impactam no desenvolvimento das crianças, deixando-as desconfiadas, inseguras e ansiosas.

Portanto, embora você esteja com o dia cheio de muitos compromissos de trabalho, é fundamental estar presente na rotina dos filhos. O medo, a tristeza e a ansiedade infantil vão fazer parte, sim, do crescimento dos pequenos; no entanto, não podem existir em excesso.

Mesmo que alguns acontecimentos obriguem as crianças a lidarem com frustrações e problemas de maneira impactante — e isso envolve, por exemplo, a separação dos pais, o nascimento de um irmão etc. —, quando esses sentimentos passam a criar pânico nos pequenos, paralisando-os, é necessário ter muita atenção.

Como agir em casos de crise de ansiedade?

Além do interesse em saber como ajudar um filho com ansiedade, muitos pais se questionam sobre como agir quando a criança entra em uma crise ansiosa, o que pode levá-la a ficar descontrolada emocionalmente, ter ataques de pânico ou, ainda pior, passar por episódios de despersonalização e desrealização — isto é, quando ela se sente separada do próprio corpo ou incapaz de reconhecer a realidade em volta dela, respectivamente.

Diante de casos assim, é fundamental que você mantenha a calma para não se tornar, mesmo sem intenção, uma fonte extra de estresse e irritação para a criança, o que só aumentará os sintomas que ela já está enfrentando.

Também é importante não cobrar, exigir ou impor que a criança melhore imediatamente, como se houvesse um interruptor de “liga e desliga” disponível para ela. O ideal é mostrar o seu carinho e apoio incondicionais, levando-a para um espaço mais reservado, calmo e silencioso.

A partir daí, você pode fazer junto dela alguns exercícios de respiração — o que é importante para melhorar a oxigenação no cérebro —, além de iniciar conversas relaxantes sobre coisas que são do seu interesse (como séries, desenhos, quadrinhos, brinquedos, entre outros). Aqui, vale qualquer coisa que funcione como uma distração e que a ajude a se afastar, pouco a pouco, dos sintomas da ansiedade.

Como é o tratamento do transtorno de ansiedade?

Não foi só uma vez que falamos até aqui sobre o acompanhamento profissional para ajudar um filho com ansiedade e recuperar a sua saúde mental. Porém, você deve se perguntar como ocorre esse processo e, em especial, o que acontece, não é mesmo? Por isso, reservamos este último tópico para esclarecer o assunto.

O tratamento da ansiedade se inicia com a psicoterapia semanal. Por meio de sessões de atendimento, o psicólogo vai levantar junto à criança as possíveis causas do problema e/ou os gatilhos que o acionam. Em paralelo, ele vai dar o suporte à criança para que ela fale sobre o que sente e consiga entender, de forma mais clara, pelo que está passando.

O psicólogo também vai ensinar alguns métodos para que a criança reduza os sintomas da ansiedade, controle os pensamentos invasivos e fique menos sensível aos gatilhos presentes em sua rotina. Por fim, o profissional também vai orientar os pais sobre como agir diante do caso e tornar o lar um lugar mais positivo e receptivo.

A atuação do médico psiquiatra ocorre mensalmente, em paralelo à atuação do psicólogo, complementando-a. No entanto, ao contrário do que acontece no tratamento de adultos — no qual são receitados medicamentos desde o início para controlar os sintomas do transtorno —, aqui o objetivo é evitar o uso de remédios, limitando-os a situações extremas.

Afinal, estamos falando de crianças, cujo organismo é mais sensível, e de fármacos muitas vezes fortes e que podem gerar efeitos colaterais significativos. Não é para menos que muitos psiquiatras recorrem à prescrição de produtos fitoterápicos.

Esses remédios são feitos à base de plantas medicinais (como camomila, valeriana, erva cidreira, maracujá, entre outras), que têm efeito cientificamente comprovado na redução do nível de ansiedade e não contam com elementos químicos em sua composição, o que facilita seu uso em diferentes faixas etárias.

Saber como ajudar um filho com ansiedade é uma tarefa multifatorial. Envolve mudanças de comportamento na relação com a criança dentro do núcleo familiar, incentivo a atividades que proporcionem bem-estar psicológico e emocional (como a prática de esportes e de leitura) e um acompanhamento terapêutico.

A partir desse mix de ações, você tem como proporcionar mais saúde mental ao seu filho, além de um ambiente acolhedor para ajudá-lo a superar qualquer dificuldade que surja ao tentar entender, lidar e controlar as manifestações da ansiedade. Dessa forma, a criança crescerá rodeada de carinho e bem-estar. E é exatamente isso que todos os pais desejam aos filhos, não é mesmo?

O que significa ser uma mãe suficientemente boa?

O modelo de maternidade perfeita, com aquela cena da família sempre feliz, com os filhos arrumadinhos e comportados, mães e pais radiantes e uma casa toda organizada está se tornando cada vez mais incomum. As pessoas já não compram mais esse ideal como antes e a maternidade perfeita se mostrou um caminho inalcançável, e nesse trajeto muitas pessoas acabam se desgastando e frustrando. Nesse contexto, um termo que tem se tornado cada vez mais difundido é o da mãe suficientemente boa.

Mas o que significa ser uma mãe suficientemente boa?

O conceito de mãe suficientemente boa foi apresentado pela primeira vez pelo pediatra e psicanalista inglês Donald Winnicott, também defensor do brincar como meio terapêutico para as crianças. Sua teoria sugere que quando a mãe tenta ser perfeita acaba sofrendo mais do que deveria, pois suas expectativas acabam sendo frustradas.

“O processo de se tornar uma mãe suficiente acontece ao longo do tempo e encontrando a suficiência as mães também encontrarão a tranquilidade na maternidade”, diz Mônica Pessanha, psicanalista de crianças e adolescentes e palestrante da oficina É possível ser uma mãe suficiente?.

A psicanalista explica que tentamos estar disponível constantemente e responder imediatamente nossos filhos quando eles são bebês e isso é importante para que eles se sintam seguros e amados. Mas também dá a sensação ao bebê de que a mãe é uma extensão sua e que é ela quem supre suas necessidades.

Quando a mãe mostra ao filho que cada um é uma pessoa, isso gera uma frustração natural na criança. A mãe suficientemente boa é aquela que frustra o filho ao mostrar que ele não terá seus desejos atendidos imediatamente, mas que também mostra que existe um tempo de espera e um limite e que ele não é sua extensão. Fazendo isso com a criança ainda pequena, a mãe está ajudando a se tornar uma pessoa resiliente.

A culpa…

“A maternidade é feita de aventuras, emoções, risos, lágrimas e de lições também. A mãe suficiente consegue dar um significado positivo para a falha porque ela sabe que pode tentar de novo”, explica a psicanalista. Portanto, nem assim a culpa deixará de existir, mas o sentimento de ter falhado pode ganhar um novo significado, cada vez mais leve.

As mães suficientemente boas perdem a paciência e cometem erros, mas principalmente…

  1. Se perdoam
  2. Entendem a importância do auto cuidado
  3. Se priorizam quando necessário
  4. Pedem ajuda sem culpa

E o pai?

Os pais, tão responsáveis pela criação dos filhos quanto as mães, também sentem o peso da cobrança pela perfeição e a culpa. A diferença está na intensidade do sentimento. “A função do pai, além de uma participação ativa na vida dos filhos, é também de promover segurança emocional para a mãe, para que ela tenha confiança em sua maternidade”, explica Mônica.

Mães e pais suficientemente bons

Tanto a maternidade, quanto a paternidade são reflexos vividos na nossa infância, nossas lembranças, experiências e interpretações. E à medida em que exploramos nosso autoconhecimento e percebemos comportamentos nossos que são, na verdade, um reflexo do que vivemos na nossa infância, fica mais fácil trabalhar naquilo para não repetir certas ações e falas com nossos pequenos e, assim, construir uma nova realidade. “Alguns mães e pais, sem perceber, podem superproteger os filhos, por exemplo, porque de alguma forma não foram protegidos na infância. Esses comportamentos podem ser cortados para que gerações futuras se formem. E é justamente esse o propósito da oficina que trabalho, lá conseguimos trabalhar essas questões mais profundas e explorar novos caminhos“, explica a psicanalista.

Qual o papel dos pais na prevenção à violência nas escolas?

Cada criança que morre, também morre um pouco da nossa esperança! Gostaríamos de começar esse texto com essa afirmação, pois é assim que nos sentimos quando acontece um ataque à escola. Nas últimas semanas fomos surpreendidos com uma onda de medo e violência nas escolas após um ataque armado a uma escola de educação infantil em Blumenau – SC.

Acreditamos que cada leitor tem um filho, neto, sobrinho e, naquele momento, este fato contribuiu para que pudéssemos ser ainda mais empáticos com as dores que aqueles pais e mães sentiram.

Nos fez nos conectarmos com suas dores, chorar e pensar como podemos contribuir para que crianças não sofram violência nas escolas ou em outros espaços onde estão para serem cuidadas e protegidas. Sabemos que a violência é um fenômeno causado por diversas dimensões. Porém, é importante pensar nos papéis e responsabilidades das famílias na prevenção a esse fenômeno.

Daí vêm algumas perguntas: Qual o nosso papel na prevenção da violência nas escolas, pai? Temos um papel relevante? Se temos, como podemos desenvolver? 

Vamos começar a responder estas perguntas. Nosso papel está na educação próxima e dialógica com os nossos filhos e filhas. A educação dialógica corresponde a uma educação baseada no cuidado, no afeto, no diálogo constante e com proximidade.

Pai, conversar com a criança desde a mais tenra idade não é perda de tempo, é necessidade primordial.

Aqui, eu quero trazer algumas dicas que podem ajudar nisso, pai: 

– Comer junto. 

Pai, sentar-se com a criança para realizar, ao menos uma refeição ajuda a entender a dimensão da família. Como já sabemos, o entendimento do conceito de família é amplo, já que família, segundo as Nações Unidas “é gente com quem se conta”. 

– Criar ambientes de brincadeiras entre o pai e a criança.

Brincadeiras em que hajam espaços para conversar sobre a brincadeira, refletindo sobre a brincadeira.

– Ler para as crianças.

Ler cria um ambiente de fortalecimento dos vínculos entre o contador da história e a criança

👉Ler com as crianças: uma forma de conectar pai e filho

– Jogar com a criança.

A partir da idade da criança, desenvolver o jogo que seja específico a sua faixa etária. E aqui, eu gostaria de abrir um parênteses para um diálogo importante:

Pai de meninos e meninas com idades para jogos na internet, é necessário monitorar o que eles e elas estão jogando; com quem estão jogando; que missões esses jogos determinam que as crianças desenvolvam.

Faz parte dos limites, em muitas situações dizer não! Todavia, pai, aconselhamos justificar a negação ao seu filho ou sua filha. Essa linha do limite e da concessão é muito tênue. E você vai precisar entender sempre o momento da imposição do limite. Pai, não há uma receita de bolo para isso. A paternidade, assim como a maternidade, muitas vezes, é um lugar que nos faz sentir culpados, mas a gente vai aprendendo a lidar diariamente com isso.

– Ensinar os nossos filhos a lidar com o não.

Pai, aqui vai uma dica, dizer não é importante no processo de educação. Nossos filhos e nossas filhas precisam aprender a lidar com a frustração. Nem sempre é fácil negar alguma coisa aos nossos pequenos. Nos causa sofrimento. Porém é possível fazer com amor e afeto. Justificar o não é necessário e pedagógico. Ainda que no início haja a famosa “birra” da criança, é possível acalmá-la e, assim, apontar o motivo.

– Criar a criança num ambiente saudável.

Estabelecer um ambiente distante de situações em que as crianças sejam testemunhas ou vítimas de práticas de violências (aqui estamos falando de violências verbais, violências físicas, violência sexual, assédio e todas as formas de violência). Onde elas, as crianças, não sejam incentivadas a praticar violências; onde elas conheçam os canais de denúncia para qualquer tipo de violência que presenciam ou sofram.

– Ser parceiro da escola.

Pai, seja aliado da unidade de ensino onde seu filho ou sua filha estuda. Participe das reuniões, sempre que possível. Coloque-se disponível para que a escola, sempre que julgar necessário, entre em contato com você. Frequente a escola sempre que for possível e necessário. Busque entender como seu filho ou sua filha está se desenvolvendo naquele ambiente. Desenvolva as atividades em casa com a sua criança.

👉Qual o papel do pai na adaptação escolar das crianças?

Na prática, pai, tudo isso vai ajudar para que nossos meninos e meninas não se desenvolvam como pessoas violentas, mas como indivíduos que contribuem para uma sociedade pacífica, que sensibilizam seus amigos e colegas para essas práticas. Dessa forma, o papel dos pais é fundamental para esse modelo de sociedade que precisamos construir.

Crianças são para crescer, e esperançar! Eu estou disposto a criar esse mundo! E você, pai?

Musicalização na educação infantil: benefícios e diversas possibilidades para colocar em prática

Ouvir música é um hábito que está presente antes mesmo de o bebê nascer. A relação que se estabelece por meio dos sons 🎼 é extremamente benéfica. Assim, a musicalização na educação infantil já faz parte do currículo escolar de muitas instituições e vem sendo protagonista no desenvolvimento das crianças.

Explorar esse recurso além da sala de aula, fazendo um trabalho conjunto, é uma excelente forma de garantir que os benefícios sejam potencializados e a criança cresça de maneira saudável física e emocionalmente.💗

Entenda mais sobre o conceito de musicalização infantil, seus ganhos para a criança e como aplicá-lo, na prática!

O que é musicalização infantil?

Pode-se definir a musicalização infantil 🎶 como atividades que estimulam o reconhecimento e a sensibilidade a sons e ritmos, colocando a criança, inclusive, como cocriadora de conhecimentos sobre esse tema.

Assim, o grande objetivo da musicalização na educação infantil é estimular as habilidades sociais, emocionais, físicas e psicológicas de maneira lúdica. Além disso, ela também contribui diretamente com o desenvolvimento da inteligência emocional. 💭

Vale ressaltar que a musicalização é tão importante quanto a leitura; ou seja, são ferramentas complementares que oferecem ganhos para a criança em diversos sentidos.

Os benefícios da musicalização na educação infantil

De forma mais prática, as atividades de musicalização infantil contribuem com muitos benefícios para as crianças de todas as idades.🧒🏼Saiba mais na sequência!

Desenvolvimento cognitivo

A música é um recurso que tem influência direta em algumas partes do cérebro humano 🧠, sendo um facilitador para o desenvolvimento cognitivo e, em especial, para a aprendizagem infantil.

Assim, o desenvolvimento infantil, em especial, escolar, tem ganhos significativos com o trabalho da musicalização na educação infantil.

Estimula a criatividade

A criatividade 📝 por si só é uma habilidade bastante presente nas crianças e pode — e deve — ser potencializada. A musicalização infantil pode ter uma influência de grande valia nesse processo.

A presença da arte 🎭 junto a conhecimentos técnicos permite que a criatividade seja elevada e que a criança crie conceitos e percepções a respeito de suas vivências com o fator criatividade como diferencial.

As brincadeiras para estimular a criatividade podem ser exploradas sob o viés da musicalização, da leitura 📖 e de diversas outras áreas.

Potencializa a concentração e memória

Se o desenvolvimento cognitivo tem ganhos expressivos com as atividades de musicalização infantil, isso também reflete na concentração e na 🧐 memória das crianças.

O envolvimento proporcionado pelo ritmo, pelos sons 🎧 e pelos instrumentos faz com que a criança esteja inteiramente presente naquele momento, desenvolvendo sua consciência sobre a importância da concentração e da memória.

Vale pontuar também que em um mundo de estímulos constantes, principalmente por meio das telas 💻a importância da musicalização na educação infantil também está nesse “respiro” de viver o momento.

Ajuda com a coordenação motora

A consciência corporal 👯 proporcionada pela musicalização na educação infantil traz à tona benefícios importantes para a coordenação motora das crianças. O uso de instrumentos musicais 🎻 nesses momentos faz com que os pequenos compreendam seus limites físicos e reconheçam suas habilidades.

Aliando a música com a dança, a criança pode também explorar movimentos do corpo, aumentando a sensação de bem-estar.

Desenvolve a confiança

Ao perceber que pode ir além, que se sente bem e que pode explorar seu corpo e sua mente com a musicalização infantil, a criança passa a se sentir mais confiante e sua autoestima é elevada.🙋🏼‍♂️ Isso gera reflexos por toda sua vida, contribuindo com sua formação de caráter e também sua socialização.

Como aplicar a musicalização na educação infantil?

Ao compreender a importância da 🎵 musicalização na educação infantil, é hora de saber como aplicá-la de maneira prática no dia a dia da criança, para que seja um processo natural e prazeroso.

Aula de musicalização

Em primeiro lugar, considerar uma sala confortável e aconchegante e um tapete para que as crianças possam tirar os calçados👟 e se sentar é importante. A preparação do ambiente reflete diretamente no engajamento dos pequenos.

Sobre os materiais, o mais comum é a bandinha rítmica, que são instrumentos de percussão🥁 em tamanho menor que o real, feitos especialmente para essa finalidade. Alguns exemplos são:

  • tambores;
  • chocalhos;
  • reco-recos;
  • ganzás;
  • triângulos;
  • pratos.

A partir desses instrumentos, pode-se fazer exercícios rítmicos, explorar diferentes sons 🔊 dos instrumentos e acompanhar canções do repertório infantil.

Juliana Abra, professora de música, também fala sobre as almofadas, que podem ter diversos propósitos.

“Sentar-se sobre elas no chão para trazer mais conforto, deitar-se para um relaxamento com música e também para delimitar espaços de atuação, como formar uma roda, uma fila ou usar a imaginação e transformar as almofadas em barco, avião etc.”

As aulas de música também podem contar com tecidos ou lenços para se trabalhar com movimentos e cores em diversas atividades, assim como as bolas ⚽, de diferentes cores, tamanhos e texturas.

“Dessa forma também utilizamos os copos que, além do movimento, possibilitam a percussão quando batidos sobre o chão, a mesa ou um banco. Tudo sempre aliado à música, é claro. Cabe ao professor em questão utilizar os materiais para trabalhar algum conceito musical ou propriedade do som. Por exemplo, passar os copos no “pulso” da música, ou seja, no ritmo apropriado.”

Como trabalhar a musicalização em casa?

Além do ambiente escolar, as atividades de musicalização infantil podem ser também exploradas em casa 🏠 com a família. Essa extensão da prática potencializa os benefícios da musicalização, além de reforçar os laços familiares.👨‍👩‍👧‍👦 Confira algumas ideias sobre como trabalhar a musicalização infantil em casa. ⤵️

A criação de canções 🎤 é um recurso que permite a inserção da musicalização em casa de maneira natural e que estimula a imaginação por meio da rotina. Criar músicas para algumas atividades pode ser extremamente benéfico para deixar o dia a dia mais leve.

Incentivar a expressão corporal por meio de palmas e batidas 👏🏼 também pode ser um exercício feito em família. Seja com novos ritmos, seja com cantigas ou também com aquela playlist que todos gostam.

Também é possível apresentar a musicalização infantil em filmes 🎦 que tenham músicas e cantigas. Essa relação entre diferentes tipos de arte é bastante rica para as crianças exercitarem a sua memorização.

A ludicidade da musicalização infantil com o uso de bonecos e fantoches ganha ainda mais encanto. Trabalhar com esses personagens🫅🏻 cantando, desenvolvendo sons e ritmos pode criar momentos únicos.

Musicalização infantil: arte e desenvolvimento

musicalização na educação infantil é um instrumento de desenvolvimento emocional, psicológico e físico para a criança 💝, possibilitando seu reconhecimento como ser humano, seu posicionamento diante dos demais e também sua relação nos espaços que ocupa.

Assim, é essencial trazer esse recurso para o dia a dia, não somente da escola, mas também em casa, com a família e os amigos. Isso permite criar momentos de diversão e interação.🧒🏼🧒🏼